Ana Rita Clara

August 28, 2014 Photomaton 0 Comments

Nunca me tinha acontecido isto antes, sentir que cada fracção de segundo, enquanto olho pelo visor da máquina, dá uma boa fotografia.

Aconteceu assim com a Ana Rita Clara e o primeiro desafio desta sessão de Photomaton foi conter-me nos disparos. Sacrifiquei dezenas de fotografias que podia ter feito com sucesso garantido para tentar provocar-lhe ruptura nas expectativas e puxar a atenção para fora de si.

No teatro, como no cinema, falamos do conceito de ‘fourth wall’ – a parede imaginária que separa a ficção do espectador – e das consequências de a quebrar. Um retrato de olhar directo na câmara é o quebrar a priori desta ‘quarta parede’, exacerbando, porém, um outro filtro, o da auto-consciência, do saber-se observado, que nos provoca o ‘acting’. Todos o fazemos. Um bom actor domina na totalidade os músculos do corpo, conhece os mecanismos expressivos em função da emoção que pretende transmitir. E somos todos actores nas nossas vidas. Usamos máscaras, criamos máscaras, perdemo-las. Aprendemos a identificá-las e a reconhecê-las.

Foi disto tudo que conversámos antes da sessão, enquanto tomávamos café. Da importância do auto-conhecimento, da necessidade de um crescimento espiritual para que estas máscaras não nos desliguem da realidade. Falámos de caminhos e de percursos.

A Ana Rita sabe exactamente o que fazer em frente a uma câmara. Estudou para isso, aprendeu para isso. Isso facilita-me imenso o trabalho, obviamente, mas faz subir o desafio maior do Photomaton, a captura de uma essência humana, para patamares nunca antes experimentados. Usei o silêncio e o tempo para conhecer um pouco da Ana. E gostei do que vi.

Photomaton CXV
Ana Rita Clara
27 Agosto 2014

_MG_6479

_MG_6492

_MG_6506

_MG_6502

_MG_6501

_MG_6517

_MG_6522

_MG_6500

_MG_6504