Reencontrei o Asutosh

September 2, 2016 blog, India 0 Comments

“Não te lembras? Andei um dia inteiro contigo. Fui jantar a tua casa mas não cheguei a comer porque fiquei doente antes de acabares de cozinhar.” Quando afastou o telemóvel que projectava a fotografia dessa noite, ele a mexer com uma colher de pau um prometedor Dal que fervia num tacho apoiado em brasas acendidas sobre o chão de terra, exclamou: “Este não sou eu. Este é o Ganesh, o White Baba.”

Foi assim que conheci o Asutosh. Por engano, quando vim a Varanasi em março de 2016 e procurei o White Baba. Como muitos dos Babas que vivem em Varanasi, Asutosh abdicou de uma vida como as outras, com os confortos ansiados, para se dedicar à meditação, ao desapego e à busca espiritual. Em março, encontrava-o durante as madrugadas junto ao Manikarnika, o ghat das cremações, a beber chá. Ficávamos lá sempre uma ou duas horas a falar, a trocar ideias, a aprender um com o outro coisas dos nossos mundos. Caminhámos muitas vezes durante as três semanas aqui estive, mas não o consegui encontrar nos últimos dias, quando lhe quis dar as ampliações das fotografias que lhe fiz. Deixei-as com o homem do chá, em Manikarnika.

Hoje regressei a Varanasi. O comboio chegou à estação às 7 da manhã. Tive tempo de ir deixar as mochilas à guest house e segui para a rua procurar as minhas pessoas, para ver como estava a cidade depois das monções, com a inundação do Ganges a bater recordes de outros anos. Fui pelas vielas labirínticas sem me perder até casa do Asutosh. Quando cheguei, estava ele a sair. Não me viu chegar, apreciava com placidez o rio. Abraçamo-nos como se abraçam os amigos e fomos tomar café.