Rio de Janeiro – dia 1

September 28, 2013 Brasil, Diário de viagem 0 Comments

Primeiras sensações do Rio de Janeiro.

1º O ambiente e a energia da cidade, quando comparadas com São Paulo, fazem-me sentir num país diferente.
2º Vai ser difícil fotografar a cidade, os lugares e as pessoas a preto branco, de tanta cor que existe.

Depois de maravilhosamente recebido pela Júlia e pela Daniela, passo a sexta-feira a deambular a pé pela cidade. Esta imersão solitária é-me estranha, mas por outro lado permite-me sentir o confronto com as coisas de outra forma. Aproveito o Festival do Rio para ver Nebraska, na zona do Botafogo. Decido depois ir até Ipanema passando por Copacabana. Mas o cartaz de um fórum de psicanálise e cinema, pendurado no gradeamento da Universidade Federal, puxa-me para mais um filme, desta vez com entrada livre. The Burning Plain, do Guillermo Arriaga, ex-argumentista do Iñárrito, com quem a zanga da separação se tornou famosa. O filme é feito, ao estilo dos roteiros do Arriaga que podemos ver em Babel, 21 gramas, Amores Perros, com constantes flashbacks. Estou com mood para me esconder mais duas horas numa sala de cinema, ainda por cima com a irresistível Jennifer Lawrence, mas quero muito também ouvir o debate com os psicanalistas sobre o enredo. Desilusão total, o debate. O senhor parece pouco habituado a flashbacks, confunde personagens, troca-lhes os nomes, não analisa mais do que a superficialidade das acções, e para ouvir apenas recontar a história do filme acabado de ver, não obrigado.

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Saio. Entro por uma rua à beira mar, donde se vê o Cristo Redentor com o sol escondido atrás. Confirmo que será difícil fotografar a preto e branco no Rio de Janeiro. A 5D continua tímida dentro da mochila, mas ainda me falta conhecer melhor a cidade e o ambiente para conseguir andar com ela na mão, como gosto e como fiz em São Paulo. A deambulação solitária pela cidade retira-me alguma da confiança que costumo ter e que sinto ter de readquiri. Os risos das pessoas que se juntavam no passeio ouvem-se ao longe. São grupos de estudantes, provavelmente vindos da Universidade, de todas as nacionalidades, com cicerones brasileiros, que vão atravessando a rua para comprar salgados acabados de fazer e reabastecer de cerveja.

O regresso a casa, já de noite, é feito novamente a pé. Pelo caminho encontro um ginásio de artes marciais, jiu-jitsu, MMA e outras coisas daquelas que fazem o Minotauros, Junior Cigano, José Aldo, Lyoto Machida, Vítor Belfort e Anderson Silva ídolos aqui no Brasil. Entro e converso com um dos responsáveis sobre o pretendido e horários dos treinos. Fico de voltar. De repente, um projecto antigo de documentar desportos de combate e seus actores em Lisboa, ganha forma de se tornar real no Rio de Janeiro. Vou para casa acompanhado pela felicidade.