Carlos Guerreiro
Comecei o Photomaton há dez meses, por sentir que precisava de prática no retrato. Peguei na máquina, escolhi o local onde iria fazer as sessões e atirei-me ao desafio mais duro que iria ter neste projecto: vencer a timidez e pedir às pessoas que servissem de modelo.
Fui para a varanda da cafetaria e estava lá o Carlos a fumar. Não lhe conhecia o nome, nunca tínhamos falado. Admirava-lhe o ar carismático, aquele caminhar tranquilo, como a Laura escreveu. Meti conversa. Não me lembro em que altura lhe perguntei se podia fotografar. Seduzia-me o fumo do cigarro, mas fomos para a janela do Photomaton, onde não se pode fumar. Foi a primeira sessão do Photomaton e desde aí que isto tem sido uma feliz viagem de aprendizagem.
Há uns dias o Carlos, com quem almocei entretanto muitas vezes e falado de coisas maravilhosas como as diferenças de comunicação entre os ocidentais e os povos do sudoeste asiático, trouxe-me uma máquina antiga para eu experimentar.
– Isto não tem fotómetro. É provável que o primeiro rolo vá para o lixo, mas usa-o como experiência.
Hoje quis fotografá-lo com a máquina. E com um cigarro.
Photomaton CXLIX
Carlos Guerreiro
15 Dezembro 2014
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