Catarina Beato
Já não via a Catarina há largos meses e encontrei-a cansada e a tentar lidar da melhor forma com a ansiedade. Falámos de quase tudo o que tínhamos deixado por falar nesses meses de hiato, decidimos terminar um projecto que tínhamos juntos, e equacionámos se seria o melhor dia para o Photomaton. Deixei isso nas mãos dela.
A sessão foi muito difícil. Não havia serenidade, a Catarina não parava de falar, de fazer caretas ou dizer piadas. Disparar numa situação destas é como tentar caçar uma lebre com uma fisga. Havia raras brechas infinitesimais na muralha que a Catarina erguia com a conversa, as caretas, as provocações, difíceis de prever.
Enquanto a fotografava não sabia o que iria encontrar depois. A sensação ao ver estas imagens no computador foi parecida às que tive quando revelava negativos na câmara escura, semanas depois de os fotografar. A Catarina fez todas aquelas defesas para esconder o real cansaço que estava a sentir. Aceitar vir ao Photomaton assim é de uma imensa coragem.
Photomaton CXXXIV
Catarina Beato
15 Setembro 2014
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