“a espera”, em DVD
Foi preciso esperar mais de 12 anos para ver construído o edifício do novo Centro Social da Musgueira, depois da última barraca do bairro ter sido demolida em 2001. Acompanhei parte desse processo e filmei ao longo de 4 anos o dia-a-dia de quem habita o coração mais pujante da Musgueira (a seguir ao do Renato Sanches, claro). Fui testemunha de quem não deixou morrer aquele pulsar, alheio ao isolamento de terrenos baldios, incúrias burocráticas da administração da cidade, suportando orgulhosamente o estigma de um nome que se quis apagar. Vi fechaduras serem arranjadas pela centésima vez, crianças a entrar no jardim de infância e aprender o que são vulcões, nuvens e dinossauros, ri muito com as minhas amigas cozinheiras que começam o dia cedo a preparar a refeição de mais de 150 pessoas, visitei idosos e acamados, invejei a energia inesgotável dos jovens que dão vida à Mediateca, assisti com um aperto à demolição do edifício que foi feito pelos utentes e moradores do bairro. As paredes choraram e lutaram para não seres arrancadas do chão. Deu luta. O filme também, por motivos vários. O Tiago que o acabou é muito diferente do Tiago que o começou.
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