Hugo Madeira
O Hugo constrói sorrisos. Usa a técnica para o conseguir mas não esquece que as transformações físicas que opera só terão sucesso se forem acompanhadas de mudanças de espírito. Diz que este reencontro entre corpo e alma nem sempre é imediato, mas que depois, quando o enlace se dá, eleva a pessoa para um novo plano de auto-conhecimento. Sempre que isto acontece, percebe que afinal não construiu o sorriso, apenas o devolveu.
Eu desconstruo sorrisos. Não porque não goste deles, mas porque nem sempre os vejo naturais e genuínos quando aponto a câmara. Nem sempre regresso ao sorriso, depois de o descontruir. Como um processo psicanalítico, leva tempo a encontrar um caminho. Mergulhar na alma das pessoas não é a mesma coisa que lhes radiografar os ossos. É difícil para mim, é difícil para quem se dispõe a ser fotografado. Mas quando isto acontece, percebo que não desconstruí nada, apenas percebi uma outra dimensão da pessoa que, invariavelmente, me faz ter ainda mais vontade de a conhecer.
Photomaton CXIII
Hugo Madeira
26 Agosto 2014
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