‘Intervalo’ – crítica de João Miranda

October 16, 2012 Newsroom 0 Comments

A vida de uma orquestra é algo complicado de documentar: se o todo é mais do que a soma das suas partes, por outro lado também não consegue abranger a soma das suas partes sem as reduzir. Se as gravações, as tournées e as participações falam por si próprias, a componente humana da orquestra é algo mais impreciso. Como se pode, então, documentar a vida da Orquestra Gulbenkian que acabou de fazer 50 anos? Quando a encomenda da Gulbenkian foi feita a Tiago Figueiredo, que participou no doclisboa em 2009 com “Vizinhos”, este deve ter sido o maior desafio que se apresentou e para o qual, de forma exemplar, encontrou a solução que se pode ver em “Intervalo”.

Filmado ao longo de alguns meses, o documentário de apenas uma hora consegue mostrar, de forma intimista, não intrusiva e sem nunca se sentir na necessidade de explicar mais do que o que se mostra, a riqueza não só da música tocada, mas também da vida das pessoas que a tocam e das relações entre elas: intercaladas com as cenas de música, breves e que aguçam mais o apetite do que o saciam, estão corridas para ver um jogo de futebol, os bastidores no final de um concerto, um almoço entre colegas que partilham casa, uma dança na rua numa noite de verão, as preparações para os concertos, um aula de karaté, toda a vida que se esconde durante os espetáculos. Muito longe de um filme institucional, é uma celebração da música e da vida de uma orquestra moderna, uma homenagem merecida à Orquestra Gulbenkian.

O filme teve apenas duas exibições a meio de Outubro no Grande Auditório da Gulbenkian e deve ter edição em DVD para breve, mas têm sido divulgados no Público pequenos vídeos onde se podem ver entrevistas e momentos interessantes que ficaram de fora do filme. Para os interessados, nos filmes e no trabalho da Ânimo Leve, a produtora do filme, podem dirigir-se a http://www.animoleve.com ou à sua página no facebook .

O Melhor: A ambição, a sensibilidade. A imagem.
O Pior: Dá ideia que ainda terá ficado muito de fora… fica a curiosidade.

Nota: 8/10

João Miranda

Artigo retirado do site www.c7nema.net