Pedro Rolo Duarte
A secretária à minha frente, aqui no Coworklisboa, esteve vazia durante meses, sem que isso seja consequência de estar à minha frente. Um dia chegou o Pedro Rolo Duarte. Defeito meu, timidez ou inibição, – esta fórmula gasta que uso para me desculpar de tanta coisa – ao contrário da naturalidade como que meto conversa com toda a gente por aqui, com o Pedro limitei-me aos cumprimentos de boa educação quando algum de nós chegava e o outro já cá estava.
Fotografar o Pedro, alguém que tem grande parte da vida à frente de câmaras, coloca em mim uma pressão a que não estou habituado. Queria retratá-lo mas adiei sempre. Uma coisa é ter descaramento para cativar a Vanda ou a Mariana e dizer-lhes, antes mesmo de lhes perguntar o nome, que as quero fotografar, outra é recear que o Photomaton não tivesse qualquer interesse para uma pessoa mediática.
Passei o dia de ontem a quebrar receios. O Pedro chegou depois do almoço. Quando o abordei, na forma directa com que costumo abordar tudo, sorriu e disse que já estava à espera que o convidasse, mas avisou várias vezes que se sentia muito desconfortável à frente das câmaras. A responsabilidade é toda minha, respondi. Fizemos duas sessões. Não fiquei satisfeito com o resultado, mas publico-o porque nos cruzamos pouca vezes e não sei quando será a próxima. Fará parte de um work in progress, um photomaton dentro do photomaton. As sessões fáceis dão prazer, mas não me fazem evoluir. As difíceis custam mais, mas são as que mais me desafiam e deixam a pensar no que é o retrato, porque quero fazer retratos, e quais os meios para conseguir um bom retrato.
Espero que o Pedro tenha paciência e me ature a vontade de melhorar.
Photomaton XCV
Pedro Rolo Duarte
16 Julho 2014
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